12/10/2011

Fui abordado por dois PMs numa rua vazia à noite e chamado de "intelectual maconheiro"


Ai que uó, gentchy!


Voltando da casa de uma amiga, desci do busão aqui perto de casa e dois policiais me mandaram pôr as mãos na parede. Vieram perguntando se eu curto drogas, se eu fumo maconha, e olhando minhas tatuagens. Disseram que eu devo fumar maconha pq tenho uma tatuagem do Brasil, uso óculos e tenho cara de intelectual... mole pro ces?
Ainda me chamaram de Tião.


Ligaram pra central pra saber se não tenho antecedentes.
Enfim, deram com a cara na parede em todas as acusações, e pediram pra ver o que tinha na mochila. Mostrei o notebook e falei: o notebook também é do Brasil, oh!
E o policial me perguntou se eu tava tirando ele. Respondi: não, só tô te mostrando que não é só a tatuagem que é do Brasil.


Ainda mechendo na minha mochila, viram que eu tinha um livro. Aí eu falei: eu não pareço intelectual, eu sou.


Justificaram que é assim que eles aprendem a abordar as pessoas e bla bla bla. Deixei bem claro que achei super desnecessário a forma que me abordaram, e que me chamar de maconheiro como fizeram por causa das minhas tatuagens ou forma de vestir foi preconceito. Aí eles disseram que não me chamaram de maconheiro, que não teve preconceito e que é assim que eles foram treinados.


Meu nome agora é Cláudia.


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São 5h e 13minutos da manhã, e desde as 4h da madrugada (quando parei de mexer com minha monografia) eu não consigo dormir. Minha adrenalina tá a mil lembrando desse episódio. Morrendo de ódio desses filhos de uma puta preconceituosos e mal treinados. Já havia lido (antes do ocorrido) quinhentas cartilhas de como se comportar durante uma abordagem policial e NENHUMA delas dizia que iriam me chamar de maconheiro por eu ter "cara de intelectual" (por usar óculos) e por eu ter o mapa do Brasil tatuado. Isso foi um insulto tremendo, uma falta de respeito. Pra no fim das contas descobrirem que além de eu não ter nenhuma passagem pela polícia, o que eu tinha na mochila não era nenhuma maconha, mas livros pq eu tava chegando da casa de uma amiga, onde estava estudando durante todo esse dia de feriado. TOMAR NO CU pq além de tudo, AINDA que eu fosse usuário de maconha, eles não teriam direito algum de me tratar daquele jeito por que são policiais. Desacato à autoridade de cu na minha rola _|_


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ATUALIZAÇÃO: É 1hora da tarde agora, e acabei de ligar para a Ouvidoria Geral de MG (0800 283-9191) para denunciar cada detalhe sobre a forma como fui abordado. Algumas pessoas tentaram me colocar medo dizendo que os policiais poderão me fazer algo de mal por terem sido denunciados. Não tem problema, se não me matarem: denuncio denovo.


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23:35 da noite, acabei de voltar da faculdade, descendo no mesmo ponto de ônibus de ontem. Avistei um grupo de policiais e passei de propósito pela rua onde estavam, com um gravador ligado no meu bolso. Nem olhei pro lado deles, e o policial me gritou "Você por aqui denovo, Tião?"
Atravessei a rua, e perguntei o nome deles. Anotei o nome de um, e o outro escondeu o nome de mim. O fato é que agora tenho o nome de um deles, e amanhã ligarei novamente para a Ouvidoria para atualizar os dados que havia passado. Se eu não receber nenhuma resposta da PM, entrarei em contato pelo Disque Denúncia (181).


Repeti tudo o que achei sobre o preconceito deles, que foi absurdo, e ainda tentaram dizer que eu estava mentindo, disseram "ninguém te chamou de maconheiro" e respondi: "Se vocês não encontraram nada comigo, a palavra 'maconha' não deveria nem ter surgido."
Ainda fiz questão de dizer "Dá pra parar de me chamar de Tião? Eu não estou te chamando de outro nome. Meu nome é Leone e eu já te disse isso ontem."

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3 comments :

  1. http://br.omg.yahoo.com/noticias/atriz-vai-processar-policiais-abuso-autoridade-134700864.html

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  2. Valeu a dica de reportagem, Junin. Nos dias que aconteceu isso eu tava tão puto que pensei que seria legal entrar em contato com algum jornal e contar o caso, afim de estimular outras pessoas a denunciarem esse tipo de coisa. Foi absurdo a forma como me abordaram, me fizeram ter medo daqueles que deveriam me dar algum sentimento de conforto. Não sou negro mas fui julgado pela forma como estava vestido, da mesma forma como vejo em vídeos do Youtube os artesãos da Praça Sete aqui em BH sofrerem abusos por suas aparências.

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  3. Acho que faltou alguma pontuação na minha frase anterior. A parte que eu disse que não sou negro "MAS", não quer dizer que uma coisa deve implicar a outra, só estava falando no contexto da reportagem, que a Thalma levanta a questão de possível preconceito por parte dos PMs.

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