28/01/2013

A saga pra voltar pedindo carona de Buenos Aires a Montevideo, 3 dias de estrada e nem assim conseguimos chegar!

Bom, apesar de que nos últimos dois posts eu já contei aqui, mais ou menos, como foi a nossa vinda de Buenos Aires até Gualeguaychu, na sexta, e depois de Gualeguaychu até Mercedes, no sábado, vim agora falar um pouco mais da viagem nesses dois dias difíceis de estrada.

Pedindo carona na sexta-feira, primeiro dia de viagem


Foi uma grande verdade que nós fizemos uma grande cagada indo tarde pra saída de Buenos Aires na sexta-feira. Sou bixa velha da estrada, tô cansado de saber que pedir carona de manhã geralmente é muito mais fácil, e que aos finais de semana é uma bosta, sobretudo no domingo. Principalmente por estar acompanhado de mais alguém e do sexo masculino, eu deveria ter dado mais atenção ainda à essa "regrinha básica".

Aí, tá. Na sexta, como eu disse, fomos chegar na saída de Buenos Aires (na saída de Zarate, na verdade, que é aquela maldita cidade na região metropolitana) às DUAS HORAS DA TARDE. É, vacilamos. Mas não, eu definitivamente não dou muita conta de viver se eu não durmo direito. Ainda mais no dia de pegar estrada. Eu fico vegetando dentro do carro me esforçando pra conversar com o motorista, e o sono fica pesado virando uma tortura (de verdade!) pra mim mesmo.




(NOTA: Eu sei que não dá pra entender tudo que eu digo, porque faz muito ruído e ainda tô falando espanhol, mas só me resta lementar, não vou passar horas colocando legendas em vídeo denovo.)

Fomos tão tarde assim pra saída de Buenos Aires por dois motivos: 1) o Fabián fez aquela festinha de despedida e acabei indo dormir às 2h da madrugada. 2) de qualquer maneira meu relógio biológico tá muito zoado, eu tô dormindo muito tarde e acordando muito tarde todos os dias.

Mas tranquilo, conseguimos sair da saída de Zarate sem muito problema. Mas o trem ficou feio quando chegamos a Gualeguaychu, porque nos deixaram na ENTRADA da cidade. Which means, uma merda. Ficamos ali pedindo carona por uma hora e meia, até que às 18:45 eu publiquei no meu facebook pedindo se alguém podia tentar conseguir um "emergency couch" (hospedagem de emergência) pra gente em Gualeguaychu, pq eu já estava totalmente sem esperanças.


Meu post no Facebook pedindo ajuda, e a incrível rapidez e gentileza da galera.

Assim que este post terminou de ser publicado, parou um casal de senhores pra gente. Trocaram sua rota e nos levaram até a saída de Gualeguaychu, só pra nos deixarem em um ponto melhor pra pegar carona e não precisarmos cruzar a cidade caminhando.

Descemos do carro imensamente agradecidos, mas ainda assim eu estava desiludido de que a gente ia sair dali ainda naquele dia. Pra fuder mais ainda, é período de carnaval na cidade. Tudo que era opção de hospedagem estaria caro, se é que haveria alguma vaga nessa altura do campeonato. O Leandro deixou bem claro desde antes de sairmos do Brasil de que não ia dormir na rua em lugar algum.

Eis que uma hora depois, às 19:48 com o sol cada vez mais próximo de desaparecer, pulou uma mensagem na tela do meu celular:

Tenés donde quedarte en Gualeguaychu? Soy Rafael de Gualeguaychu. (Couchsurfing)
E eu mal pude acreditar naquilo. Era incrível demais pra ser verdade. Uma hospedagem surgiu! E ainda assim, oferecida por SMS por alguém que mora bem na cidade onde estávamos encalhados!

Tentei não ficar feliz demais, até pq ele havia conjugado "quedarTE", o que não incluía o Leandro. Enviei meu whatsapp pra conversarmos melhor antes que meu crédito também acabasse.


Assim as coisas amenizaram, graças à super ajuda da tecnologia, à eficiência do Júlio (Belo Horizonte) e do Fabián (Buenos Aires), à família Couchsurfing, ao super Rafael da comunidade de Gualeguaychu, e à minha irmã Letícia que me ajudou quando eu estava sonhando em conseguir um smartphone que me permitisse essas coisas. hahahah

Até conhecemos uma amiga dele que estava lá quando chegamos.




Ainda nessa noite a gente viu uns vídeos no Youtube e umas notícias na TV local sobre o carnaval da cidade, que é famoso na região (e acho que no país todo também, na verdade). Saímos pra dar uma volta pela cidade também. No fim, já posso dizer que conheço um pouco de mais uma cidade argentina. :)


Clique aqui para ver todos os pontos onde pedimos carona.


Segundo dia de viagem, sábado

No dia seguinte, a gente tinha a opção de acordamos às 8h e sairmos com o Rafael quando ele fosse trabalhar, ou dormimos a manhã inteira e sairmos depois das 12h, quando ele voltaria do trabalho. O Leandro votou em sairmos até as 8h, mas como não fez muita questão, eu acabei preferindo que saíssemos depois das 12h, pra dormimos melhor e seguirmos viagem mais de boa.  Na verdade eu acho que não me dei conta que o dia seguinte era sábado, por isso fiz essa escolha. E também devido à pouca distância (uns 400km de distância,  o que na verdade eu consigo percorrer em dias úteis e saindo de manhã, só não levei isso em consideração também. devia ser o cansaço desse dia).

No fim das contas, chegamos na saída da cidade às 14h denovo. O primeiro carro que parou nos levou na caçamba. Com ele, cruzamos a ponte e chegamos no Uruguay. O problema é que a gente não tinha estudado o mapa antes, e o motorista também não conhecia as coisas por lá direito. Acabou nos levando PRO MEIO da cidade de Fray Bentos.

Aí saímos caminhando. Fomos pedir informação e um cara ofereceu de levarnos até a saída da cidade. Lá fomos nós. O problema é que quem passa nesse lugar onde nos deixou, era somente quem saída da cidade de Fray Bentos. Quem vinha da Argentina, cruzando a ponte como fizemos, pegava uma estrada que encontrava com a estrada onde estávamos uns 7km à frente. Ou seja, seriam umas 2 horas de caminhada, e já eram quatro horas da tarde.

Por sorte, um cara deu carona pra gente até Mercedes. Por alguns instantes eu até achei que ele estivesse indo na verdade pra Montevideo, e que nos traria direto. Mas não, ele ia só até Mercedes mesmo.

Aí que tudo começou a fuder denovo. Nunca fomos conseguir carona na saída dessa cidade.

Resolvemos pedir carona durante a noite na saída de um posto de gasolina, que fica na saída da cidade. Eu vi um caminhão parado lá, e fui pedir carona. O cara conversou comigo, mas não estava concordando muito em dar carona, até pq eu disse pra ele que estava com um amigo que estava lá na beira da estrada pedindo carona, e já estava escuro nessa hora. Isso é comum de acontecer, as pessoas não dizerem se vão dar carona ou não. Mas eu expuz pra ele nossa situação, só menti dizendo que estávamos indo pra Palmitas, que é uma cidade ao lado, na esperança de que ao subir no caminhão e dizer que de Palmitas iríamos pedir carona pra Montevideo, talvez ele levasse a gente - se essa fosse a rota dele, claro.

Como ele não dizia se daria ou não carona, eu resolvi dar espaço a ele e disse que ia ficar lá na beira da estrada pedindo carona com meu amigo, e que quando ele fosse passar que ele parasse pra gente, se quisesse dar carona. Eu estava me sentindo muito seguro de que no fim ele daria carona pra gente, acabei dizendo ao Leandro "Ele vai passar por nós devagar porque estará saindo do posto. Ele não vai passar direto por nós."

Só que não. Ele passou direto.

Isso acabou com toda minha esperança, me deixou de baixo astral, eu realmente fiquei me sentindo mal. Acho que eu deveria ter ficado lá do lado dele, na cola. Mas enfim...

Depois, enquanto Leandro ficava na beira da estrada pedindo carona com a placa dizendo "Montevideo", eu fiquei no posto conversando com as pessoas. Todos incrivelmente receptivos, definitivamente não era daquele tipo de gente que se sente incomodado e responde a gente com cara fechada (o que desestimula e tira o ânimo de qualquer caroneiro ou pessoa que necessite pedir qualquer tipo de ajuda).

Mas, basicamente NINGUÉM estava saindo da cidade, todos iam ali abastecer e voltavam pra cidade. Só um casal que ia pra outra cidade, que inclusive foram super simpáticos, mas pena que não era nosso caminho.

Pouco mais tarde, apareceu outro caroneiro no posto! Um cara super carismático que já chegou brincando com todos os frentistas e todo mundo que estava por lá (inclusive eu). Depois fomos lá na beira da estrada onde estava o Leandro e lhe perguntei se eu podia gravar um vídeo entrevistando ele sobre sua viagem. Aí saiu aquele vídeo que postei Entrevistando a Mauri Nochetti, un autostopista argentino que encontramos en la ruta viajando a dedo desde Buenos Aires a Montevideo.

Logo depois que o Mauri seguiu seu caminho desaparecendo caminhando pelo escuro da estrada, eu e Leandro resolvemos desistir. Não passava nenhum carro.

Tinhamos fome, e fomos ao posto tentar preparar-nos algo improvisado pra comer.





Ao final, eu continuava com fome. Mas nada insuportável. Preocupado com acordar no dia seguinte, resolvemos ir pra casa. hahahah Sim. Ir pra casa. Falo dessa "casa" (a construção) com três paredes e teto que apontei pro Mauri no vídeo.

É, não tínhamos opção, e o que o Leandro disse antes de saímos pra viajar sobre não querer dormir na rua, teve que ter uma exceção. As paredes cercavam os ventos, e o teto qualquer possível chuva durante a noite. Era um lugar afastado, difícil mente algum ser humano ia dar conta de que haviam pessoas ali. Então podiamos dormir um pouco mais tranquilos.

Quando o Leandro saiu da casa dele pra viajar, ele não imaginava que eu iria convencê-lo a vir pedindo carona até Buenos Aires. Com isso, ele não trouxe roupas de frio, estava totalmente despreparado pra isso. Tive que bancar o frio da bixa. hahushaushasuh Dei minha blusa mais grossa pra ele e vesti um monte de camisas. Dei minha meia calça de lan pra ele e me coloquei meião e calça comprida. (sim, eu sempre saiu preparado pra visitar os Andes, caso me dê na telha).

Deitamos no chão, e enquanto o Leandro assistia algum filme no seu tablet, eu já tratei de me apagar. Dormi linda. Até umas cinco da madrugada, quando acordei tremendo de frio. Tinha MUITO frio. Deitamos de conchinha pra ver se melhorava. Não resolvia muito. Logo me rendi e puxei um plástico todo sujo de cimento que estava ali perto da gente, e nos cobri. Também não resolveu muito. Mas por sorte em uma hora amanheceria. Fiquei aí tremendo abraçado com o Leandro esperando o tempo passar.




Clique aqui para ver o mapa ampliado



Terceiro dia de viagem, domingo, e a desistência


Nossa Magic House (a chamamos assim em alusão ao "Magic Bus",
do filme Into The Wild. hahah)

 Então era domingo, o sol saiu e fomos pra beira da estrada.




Lá pelas 8h da manhã já estávamos desistindo denovo. Aceitamos a ideia de que não conseguimos nem conseguiríamos chegar a Montevideo nesse dia. Quase ninguém passava e NINGUÉM parava. Estávamos fodidos demais. E eu ainda mais sem esperanças, porque eu sei muito bem da crueldade dos domingos para com os caroneiros de beira de estrada.

Graças a Deus (lê-se: o cartão de crédito do Leandro), compramos uma passagem de ônibus e demos fim a esse pesadelo.




Muitos ônibus do Uruguay, como o nosso, disponibilizam Wifi. Assim pude ir mantendo contato com o Federico, quem seria nosso anfitrião e ainda ofereceu buscar-nos na rodoviária.

Em menos de 2h 30min, estávamos descendo na rodoviária Três Cruces de Montevideo.

Federico (de camisa branca) e Diego, um amigo que nos apresentou e até fez um almoço pra gente. :)

Com o Federico na "praia" de Pocitos (beira do Rio La Plata. rsrs)

Clique aqui para ver o mapa do percurso loser percorrido em ônibus.



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27/01/2013

Entrevistando a Mauri Nochetti, un autostopista argentino que encontramos en la ruta viajando a dedo desde Buenos Aires a Montevideo

O dia seguinte (sábado) do post anterior que publiquei sobre Gualeguaychu, acabamos saindo muito tarde também. Às 14h chegamos na saída da cidade. Terminamos o dia "presos", dessa vez, em Mercedes, uma cidadezinha no interior do Uruguai. Aí, conhecemos Mauri Nochetti, um caroneiro de Buenos Aires que passou por ali bem quando estávamos pedindo carona.

Mauri Nochetti é um caroneiro que saiu de Buenos Aires (onde vive), foi pra Bolívia, voltou a Buenos Aires e depois estava seguindo pro Uruguay, onde acabamos nos encontramos no caminho, à noite em Mercedes. Com sua cuia, sua erva/mate, e com água quente (que ele conseguiu no posto de gasolina) dentro de uma garrafa térmica improvisada, ele estava passando por aí na sua caminhada indo pros mesmos lados que a gente. Ele gosta de caminhar pelas estradas enquanto pede carona, às vezes fica lá horas pedindo carona e termina o dia só caminhando, sem ninguém levá-lo. Pedi se eu podia gravar um vídeo entrevistando ele sobre sua viagem, e assim compartilho com vocês um pouco da história desse louco :)





Desculpem o vídeo em espanhol somente, eu não terei tempo para transcrevê-lo, sincronizar legenda e depois traduzí-lo. Estou na estrada, perco muito tempo de viagem fazendo isso. Então se alguém quiser colaborar fazendo isso por mim, entre em contato. O outro vídeo da viagem de Porto Alegre a Buenos Aires foi traduzido colaborativamente também.

Logo faço pra vcs um vídeo com toda essa viagem de Buenos Aires a Montevideo e coloco um pedaço dessa entrevista com o Mauri também. Foi hardcore a viagem. Mais tarde, nessa noite do vídeo, não conseguimos carona e terminamos passando MUITO frio durante a madrugada, dormindo nessa "casinha" que mostramos pro Mauri durante a entrevista.

Então, desculpem o transtorno. Voltem mais tarde. hahah


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26/01/2013

Ficamos "presos" em Gualeguaychu, e um SMS oferecendo um couch de emergência

Clique na foto pra ler em tamanho melhor. História de hoje, contada em papel no caderno de um couchsurfer que no "salvou" no nosso caminho.




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24/01/2013

Duas semanas em Buenos Aires, pessoas que conhecemos, e beijos!

No dia 27 de outubro de 2011 (mais de um ano atrás) me escreveram:
Oi Leo, sou Fabián de Buenos Aires, Argentina. Te escrevo para te felicitar por sua coragem, por ter conhecido tantos lugares sem grana, só com muita vontade e convicção, e para que saibas a quem está te enviando solicitação de amizade, hehe.
Conheci seu blog procurando como pegar carona no Brasil, já que quero conhecer o litoral brasileiro e sabemos que o transporte é bem caro e as distâncias são muito longas. O único trecho que posso fazer de trem é BH - Vitória.
Quando quiser vir a Buenos Aires, fale sem problema, eu tenho lugar aqui e posso te ajudar a conhecer a Argentina, andei muito aqui de trem e um pouco de bicicleta.
Um forte abraço, Fabián.

Bom, porque essa mensagem me foi enviada um dia, hoje estou aqui em Buenos Aires. Neste exato momento, estamos aqui no meio de uma "festinha" que o Fabián está fazendo de despedida pra gente, depois dessas 2 semanas na casa dele.

Durante esses dias aqui na casa do Fabián (quem, antes mesmo de vir pra cá, eu já havia hospedado na minha casa quando eu morava em Belo Horizonte), fomos a algumas festas, passeamos bastante (ainda que a primeira semana a gente tenha ficado mais morto mofando em casa, por cansaço daquelas 36 horas pedindo carona até chegarmos aqui), conhecemos algumas pessoas, e eu particularmente revi uma grande amiga - a minha mãe argentina.

Minha mãe argentina é a Silvia, lembram que falei dela? Ela foi quem me salvou aqui em Buenos, na última vez que estive aqui em Buenos Aires. Eu vim pra casa do Fabián, mas como da última vez que falei com ela ela estava viajando, achei que não estava por aqui. Daí recebi uma mensagem 2 dias depois que cheguei.

leoooo estas en buenos aires?
vi vc logado na Provincia de Buenos Aires
pega meu telephone (celular) +5411... tenho whatsapp
estou em casa
podes me ligar tamben em casa 466... ou me das teu telefone

beijao
Silvia

Bom, assim fui visitá-la. Ela acabou me sequestrando do Fabián, e fiquei dormindo na casa dela por duas noites com a mesma bermuda e camisa que havia chegado. hahaha O Leandro seguiu na casa do Fabián.
Passeamos de carro, tomamos sorvete, comi bastante comida vegetariana (ela é vegetariana, eu não sou mas acho ótimo conhecer o que há de opção na cozinha sem carne), e me senti bastante útil e feliz em ensiná-la um pouco de como lidar com o seu novo celular Android. hahahah




Depois que voltei pra casa do Fabián, não a vi mais. Ela tinha planos de viajar pro norte da Argentina e até se empolgou querendo me dar uma carona até a cidade do Juan Villarino (o Acróbata del Camino), um escritor caroneiro, autor do primeiro livro em espanhol que li. Ele me convidou pra passar uns dias na sua casa, mas justamente quando pintou de eu ir, ele tinha saído pra viajar com a namorada.

Quanto aos outros dias na casa do Fabián, entre as festas que fomos, uma foi a pool party do hotel Axel, que é um hotel gay da cidade. Na esquina, quando chegávamos ao hotel para a festa, tentaram no assaltar. Tinham algo que aparentava ser uma arma, certamente de brinquedo, mas no fim nem levaram nada também, nem insistiram.

Enfim, entre pessoas que conhecemos, uma foi a Gris, uma argentina muuuuuuuuito hospitaleira e fofa, que viu um post que publiquei no grupo do CouchSurfing local, e me convidou pra tomarmos um mate na Plaza Francia. Depois nos levou pra passear por outras partes da cidade, nos levou a uma festinha na casa de uns amigos dela (durante uma partida do clássico River x Boca Juniors, times de futebol daqui - pra quem é por fora de tudo do futebol, como eu).







Qué rebeldía la de Gris! (pero es la más tierna de todas :P)



E outra, das pessoas que conhecemos, foi o Filipe, também do CouchSurfing que viu um post meu nos grupos locais de Buenos Aires. Ele é do Rio, está passando férias da faculdade aqui, nos convidou pra tomarmos umas cervejas e nadar na piscina do prédio dele. As cervejas aceitamos, mas a piscina acabou não rolando por falta de tempo :( Também passeamos por algumas vezes. Inclusive ele tá aqui agora na festinha de despedida da gente, na casa do Fabián. hahahah




E aí, agora é a vez do Fabián, afinal de contas.
Como disse, eu hospedei o Fabián em BH no primeiro semestre do ano passado. Lá ele me contou que sabia que existia um lado dentro dele que indicava que ele era, no mínimo, bissexual. Eu achei estranho, achei que ele já tinha que ter certeza, por causa da idade dele. Mas, depois fui conhecendo-o mais e dei conta de que era sério. (Não, a gente não teve nada sexual, ok? hahahah Eu sei que as bee tudo que ler isso vai achar que eu quis ocultar "algo" na história. kkkkk)

E era tão sério o que ele dizia, que agora que vim conhecer um pouco da vida dele em Buenos Aires, ele me contou e me apresentou seu primeiro namorado, quem ele conheceu pouco tempo depois que voltou do Brasil. E é, eu estou falando disso aqui no blog porque ele pediu pra falar, porque ele diz que eu o ajudei a se sentir livre pra explorar essa parte dele, que ele ficava tentando fingir, pra ele mesmo, que não existia.


Bom. Preciso sair. Socializar um pouquinho mais na festa, tomar mais um pouco de cerveja pra relaxar os músculos por termos ficado debaixo de sol andando de bicicleta pela cidade todo o dia hoje, e dormir. Amanhã eu e Leandro acordaremos às 8horas da manhã, e seguiremos caronando por uns 450km até Montevideo, capital do Uruguai.









Beijos e sorte pra nozes.


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16/01/2013

2 garotos, 3 países, 36 horas e 1410 km pedindo carona por estradas da América do Sul

 Ei gats! Ainda não morri, fiquei sem postar nada nos últimos dias pq tinha muuuuitos vídeos pra eu cortar e transformar em um único vídeo pra postar aqui. Bom, estou em Buenos Aires!

Depois de chegar de Florianópolis pedindo carona e passar duas noites em Porto Alegre, no dia 09 de janeiro (quarta-feira) eu e Leandro pegamos estrada denovo com objetivo de chegarmos a Buenos Aires, passando por Montevideo e sem parar denovo pelo caminho.

Estávamos lá na saída de Porto Alegre, e parou um carro que estava indo pra Santana do Livramento, uma cidadezinha que faz fronteira com o Uruguay. Acabamos trocando nosso plano de rota (que tínhamos a intensão de passar por Montevideo) e lá fomos nós cortando os pampas do Rio Grande do Sul de carro até Santana do Livramento.



Clique aqui para ver o mapa ampliado.


Durante o caminho, decidimos que ao chegar em Santana do Livramento iríamos cruzar a fronteira (chegando a Rivera, uma cidadezinha ao lado, mas que fica do lado Uruguaio) e pedir carona para Tacuarembó (Uruguay) e depois Paysandú (Argentina). Aconteceu que pegando carona por ali, um cara que deu carona pra gente de carro disse que estava indo para uma cidadezinha no sul do Uruguay, e que deveria chegar por lá (de carro) por volta das 4horas da manhã. Ok, mudamos o plano novamente e fomos com ele. Passamos a noite cruzando o Uruguay em um carro velho e um céu LIN-DÍS-SI-MO!


Clique aqui para ver o mapa ampliado.



Amanheceu e estávamos então na cidadezinha de Carmelo, à beira do Rio la Plata. Chegamos a consultar o preço da passagem da lancha que leva de Carmelo a Buenos Aires, cruzando o rio. Nos haviam dito que a passagem era super baratinha, mas quando perguntamos, demos conta que custava 650 pesos uruguaios (68 reais), e preferimos ir pela estrada mesmo, já que tínhamos tempo.

Terminamos cruzando a fronteira Uruguay / Argentina pela ponte Libertador General San Martín (entre as cidades Fray Bentos e Gualeguaychú), e assim chegamos na Argentina. Poucos quilômetros à frente nos deixaram num trevo de uma cidadezinha chamada Zarate. Foi aí então que passamos as horas mais difíceis da viagem.



Era estrada de 3 pistas, fluxo muuuuito rápido. Já haviam nos dito que dificilmente alguém ia se parar pra gente, sobretudo porque "portenhos são uns boludos e não dão carona", nos diziam. Ainda assim estávamos confiantes, até porque não tínhamos sequer um peso argentino (e ainda que tivéssmos, não tinha como pegar ônibus por ali) para termos alguma outra opção.

O Leandro começou a dizer que estava ficando desesperado nesse trecho, já que não tinha nada nem ninguém por perto, não tínhamos 3G, não tínhamos como ligar pra lugar algum pra pedir ajuda, e todo mundo passava por ali muito rápido sem dar nenhuma bola pra gente. Eu particularmente já estou meio que acostumado a essas coisas, não estava desesperando, mas de fato estávamos uns cacos de cansaço por termos passado a noite na estrada e o dia anterior todo caminhando e pedindo carona debaixo de sol muito forte (obrigado mãe por ter me dado um vidro de protetor solar antes de eu sair pra viajar! hahah). Aliás, era melhor sol do quê chuva - pelo menos quanto a isso tivemos mais sorte.

A nossa água estava acabando, quando furou o pneu do carro de um senhor, que teve que parar pra trocar a roda. Aí fomos até ele oferecer e pedir ajuda. Ele não deu a mínima bola. Aí percebemos que estávamos lidando com aquela personalidade que nos descreviam como típica de portenho. Sério, eu nunca fui tão ignorado na minha vida como quando fui falar com esse senhor. Eu tentei puxar conversa e oferecer ajuda todo simpático e ele sequer olhou na minha cara, fingindo que não ouvia e que não percebia nossa presença. Mas insisti, decidi apelar e conjugar "usted" e a chamá-lo de "senhor" (coisa que eu NUNCA faço com ninguém, e nem sei conjugar direito), e disse:

- Señor, usted me puede hablar por un minuto?!!!

Aí ele me olhou de lado. E falei:

- Nosotros venimos de Brasil, estamos caminando hacen 5 horas, no tenemos pesos argentinos y nadie se para a nosotros.

E ele virou a cara como quem não estivesse escutando. Insisti denovo:

- Usted nos puede ayudar?

Denovo fui ignorado. O Leandro fez cara de "ah, deixa pra lá, vamos embora", mas disse pra sentarmos e esperarmos. O Leandro sabe trocar pneu de carro, então ficou do lado do senhor tentando auxiliar e também sendo ignorado. Eu filmei nesse momento.

Durante todo o tempo não sabíamos se ele ia nos levar ou não. Um ótimo lugar pra se pedir carona é logo à frente de um carro parado à beira da estrada passando por manutenção: as pessoas te vêem ali, pensam que vc estava no carro e está precisando de uma carona pra ir buscar ajuda, aí aumenta a chance de pararem pra você. Então eu podia ir lá pedir carona acreditando que no fim o senhor ia embora e não ia nos levar, mas acabei preferindo ficar ali esperando mesmo, pra não ficar parecendo que a gente ainda tinha esperança de conseguir outra ajuda se não a dele.

No fim de tudo, juntamos as coisas que ele usou pra trocar o pneu e colocamos no carro pra ele. Ele ali bufando e soando, parecendo que ia morrer, tomou uma água (matando a gente ainda mais, pq tínhamos muita sede e não tínhamos nem mais uma gota de água), e descançou um pouco. Aí sim ele falou algo:

- Para donde van ustedes?

E o Leandro respondeu:

- Para Buenos Aires, pero cualquier lugar en el camino también está bueno.

E o senhor:

- Uno va a trás y el otro adelante.

Uffffff! Salvos! Durante o caminho ele ainda foi grosso comigo, dizendo coisas como "Tenho que ir devagar por causa da roda, mas se estiver ruim, desça e vá caminhando!", mas só me restou dizer "Ok."

No fim das contas, ele estava indo para o mesmo bairro que a gente, e com a mesma cara de não dar a mínima pra gente, nos ofereceu um suco de pomelo geladinho (fruta que é comum aqui mas não tem no Brasil, eu acho) e nos deixou na porta da casa do Fabián (meu amigo que está hospedando a gente aqui).


Clique aqui para ver o mapa ampliado.


Super agradescemos tentando demonstrar o quanto estávamos felizes pela ajuda dele, mas ele nem se importou com isso também.

Agora o vídeo que passei os últimos dias tentando editar enquanto descansava da viagem e faziamos algum passeio.



Um "pequeno" filme de toda a viagem


Bom, o vídeo dessa viagem virou quase que um curta metragem, de tão longo. hahah Mas me matei pra fazer, e agora já me cansei de ficar perdendo o tempo que eu posso estar conhecendo a cidade só pra tentar diminuir seu tempo de duração.
Eu sou amador nisso de editar vídeo, só tento fazer algo legal já que um tanto de gente me pede. Espero que tenham paciência de ver. hahaha






Bom, quem quiser informações sobre como pedir carona em alguma dessas cidades onde a gente pediu carona durante toda essa viagem, confiram no Mapa do Hitchwiki, que eu compartilhei dicas lá!


Agradecimentos

Tradução das legendas feitas por:
- Fabián Matías Román (de Buenos Aires, Argentina), tradução para espanhol.


Estatísticas da viagem


 Saímos do Brasil e cruzamos o Uruguay até chegarmos na Argentina em uma viagem pedindo carona sem parar para dormir em nenhum lugar.





Se quiser ver a rota percorrida no mapa, tive que dividir em dois mapas pq o Google Maps não conhece a ponte Libertador General San Martín (entre Fray Bentos e Gualeguaychú):

Totais:

  • 0 reais gastos com comida (levamos alguns amendoíns e biscoitos)
  • 15 reais gastos com transporte (do centro de Porto Alegre até a saída da cidade)
  • 3 países: Brasil, Uruguay, Argentina
  • 10 caronas: 7 carros, 3 caminhões
  • 36 horas: 1 dia e meio (incluindo a noite)
  • 1410 km

Tempo de espera para pararem pra gente:

  • Porto Alegre, 1h 53min
  • Rivera, 2h 40min (até aduana)
  • Rivera, 20min
  • Minas de Corrales, 20min
  • Carmelo, + ou - 1h caminhando e 20min pra conseguir carona
  • Nueva Palmira, 30min (caminhando + carona)
  • Fray Bentos, 20min
  • Gualeguaychú, 2h 40min carona até a Ruta 14 (caminhada + usando wifi no posto de gasolina + carona)
  • Ruta 14 (trevo de Gualeguaychú), 25min
  • Zarate, 3h 30min (caminhada + carona)

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06/01/2013

Quase um mês em Florianópolis, o escritor Santiago Nazarian e outros amigos que fizemos

Falando francamente, estou com aquelas minhas clássicas preguiças de escrever sobre meus dias nas cidades. Mas preciso falar dessas minhas 3 semanas aqui em Florianópolis.

Eu já disse aqui, mas preciso repetir. A Pira realmente me adotou como um filho, ainda que passe longe da nossa diferença de idade permitir isso. Acho que a maior prova, entre tooooodas as outras, de que ela realmente gosta de me ter por perto, é o fato de, desde o primeiro dia que cheguei aqui, ela sai da frente do seu computador, de cima da sua própria cama e até de dentro da sua própria casa pra ir fumar lá fora. Eu caiu em crises infinitas de espirros e meu nariz fica super sensível quando fumam perto de mim, eu realmente não teria conseguido passar nem uma semana aqui se ela não pudesse ser tão gentil comigo a esse ponto. É foda, me sinto um fresco e que estou incomodando as pessoas, mas é a PORRA do meu organismo, sou uma vítima de mim mesmo. #tôpoetahoje

Vcs nem vão ter tanto saco pra ler, assim como eu não tenho tanto saco pra escrever, então vou focar mais em postar fotos e citar as coisas mais diferentes (em relação ao que vcs devem estar acostumados) que aconteceram.

A Mah (que veio comigo de carona de Curitiba até aqui), passou o natal aqui com a gente. Pelo dia 27 a coitada foi embora sem ter feito o que ela chegou tão empolgada para fazer: ir à praia. A gente só nadou aqui na baia do Cacupé em uma tarde, e nas piscinas dos vizinhos da Pira (o que foi super divertido também). rsrs

Teve gente nadando nuuuu





Dia 31 chegou o Leandro. Ele chegou, encontrei com ele em um terminal de ônibus e já seguimos pra uma praia. Passamos o dia todo andando pela praia Mole e a praia da Galheta, carregando as mochilas dele. À noite viramos aqui no Cacupé, vendo os fogos da Hercício Luz. Estávamos sem a chave do vizinho da Pira, então nem deu pra curtir a piscina dele na virada do ano. Eu tomei um pouco de vodka e todo o cansaço do dia bateu de uma hora pra outra. Bati na cama e dormi. É, nada de emocionaaaaante como eu queria, mas tem anos que não consigo ter um reveillon emocionante, acho que me falta estar deprimido pra que eu fique emocionado nas viradas.


ops, essa mãe aí? na frente de um mooonte de gente que estava ali na beira da praia.



A partir da chegada do Leandro, fui à praia todos os dias. A Pira não tava muito na vibe de ir pra praia, mas o Leandro estava sempre pilhado, nem que fosse pra irmos todos os dias pra mesma praia (a Mole). Inclusive em um dos dias o Leandro me chamou pra ir pra uma balada, que a Pira até ofereceu pagar minha entrada e dividir com o Leandro o taxi de volta, pra que eu fosse com ele. Mas nesse dia eu tava meio numa bad, preferi ficar em casa e me embreagar até dormir. hahaha

Bar do Deca, na Praia Mole



Nessas idas à praia conhecemos um escritor que a Pira é fan há anos, o Santiago Nazarian. A Pira seeeempre me falou dele nesses anos que a gente se conhece, e só dessa vez o conheci pessoalmente. Ele já escreveu sete livros, já deu quatro entrevistas no Jô e tudo mais. Nem vou falar muito sobre ele, o Google já faz isso por mim, tenta Googlar aí "Santiago Nazarian" que vc verá de quem estou falando. Ele chegou a escrever um post sobre os dias dele aqui em Floripa que a gente se encontrou, nos chamando de "boys magia". kkkkk Um querido ele.





Particularmente acho que conhecer pessoas na praia é equivalente a ver as pessoas como elas realmente são, sem muitas roupas, sem maquiagem, sem muitas firulas nos cabelos, sem muita frescuras ou camadas. Vc vê a cara delas brilhando de protetor solar, vê a marca vermelha de sol, vê o cabelo todo zoado por causa da água salgada, vê a bunda cheia de areia de praia, e por aí vai.





Conhecemos uns quatro caras do Grindr ou Scruff (aplicativos de celular voltados pra gays encontrarem gays que estão geograficamente próximos a onde estão). E nenhum deles eram de fato daqui, ainda que um ou outro estivesse morando aqui. Um era de Manaus, outro de Rio Branco (Acre!), outro do Paraná e até um da Holanda! Esse da Holanda conhecemos em um outro dia de praia Mole com o Santiago, o que foi bom pq todo mundo ali falava inglês, daí o cara não ficou sobrando sem conseguir se comunicar com a galera.



Fora esses caras, ainda conheci o Felipe, que esse sim é manezinho aqui da ilha. É amigo de um amigo meu de São Paulo, que fez a ponte pra nos conhecermos. Poréééém, o Felipe é o manezinho maaaaais não-manezinho que conhecemos. Ele, apesar de ser também ser gay, sequer conhecia o bar do Deca, a praia Mole ou a Galheta, e ainda chegou lá com traje super impróprio pra praia. hahah

Dessa vez consegui rever todos os amigos que fiz aqui das outras vezes que vim (que são os amigos da Pira). Consegui até rever o Gui, que é um cara que é caseiro em um sítio junto com o namorado dele. Siiiiiim, um casal gay caseiro de um sítio! Super Brokeback Mountain sem neve. Imagino que seja uma super vantagem pro dono do sítio, ter dois caseiros homens a preço de um. E são dois gatinhos, por mais que vc deva estar pensando nos esteriótipos contrários! hahahah Eu vim pra Floripa querendo muito passar uns dias no sítio deles com a Pira, e o Gui até tentou nos levar de carro prometendo nos trazer de volta e tudo mais. Mas acabou não dando pra ir dessa vez, e só fomos curtir uma praia lá no norte da ilha, a praia do Forte, que fica lá pras bandas de Jurerê Internacional. Diga-se de passagem, foi a única praia que fomos aqui em Floripa além da Mole, Galheta e Cacupé. hahah





Também fui ao meeting semanal do CouchSurfing aqui em Florianópolis. Onde acabou acontecendo uma coisa engraçada com a japinha da foto do meeting.

Tava lá no meeting do CouchSurfing aqui de Florianópolis interagindo com pessoas desconhecidas. Tava lá um tempão conversando com uma garota lá de São Paulo, até que no fiiiiiiiiiiim da conversa, quando eu tava trocando contatos pra nos adicionarmos no facebook, aconteceu igual aquela vez em Cusco:

- E qual seu contato no Facebook?
- Leo Carona.
- O qqqqqqqq? Vc é o Leo Carooooona??

Meeting semanal de quintas-feiras do CouchSurfing Florianópolis no Capitão Gourmet.

Amanhã é dia de pegar estrada rumo ao Uruguay. Talvez rever alguns amigos do Rio Grande do Sul, do Uruguay e de Buenos Aires (que é o limite, pelo que está planejado até agora)! 1200km de Florianópolis até Montevideo (capital do Uruguay), onde deveremos pegar o barco pra cruzar o Rio la Plata e chegar à capital Argentina. Desejem sorte e/ou mandem seus contatos. :)


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