28/01/2013

A saga pra voltar pedindo carona de Buenos Aires a Montevideo, 3 dias de estrada e nem assim conseguimos chegar!

Bom, apesar de que nos últimos dois posts eu já contei aqui, mais ou menos, como foi a nossa vinda de Buenos Aires até Gualeguaychu, na sexta, e depois de Gualeguaychu até Mercedes, no sábado, vim agora falar um pouco mais da viagem nesses dois dias difíceis de estrada.

Pedindo carona na sexta-feira, primeiro dia de viagem


Foi uma grande verdade que nós fizemos uma grande cagada indo tarde pra saída de Buenos Aires na sexta-feira. Sou bixa velha da estrada, tô cansado de saber que pedir carona de manhã geralmente é muito mais fácil, e que aos finais de semana é uma bosta, sobretudo no domingo. Principalmente por estar acompanhado de mais alguém e do sexo masculino, eu deveria ter dado mais atenção ainda à essa "regrinha básica".

Aí, tá. Na sexta, como eu disse, fomos chegar na saída de Buenos Aires (na saída de Zarate, na verdade, que é aquela maldita cidade na região metropolitana) às DUAS HORAS DA TARDE. É, vacilamos. Mas não, eu definitivamente não dou muita conta de viver se eu não durmo direito. Ainda mais no dia de pegar estrada. Eu fico vegetando dentro do carro me esforçando pra conversar com o motorista, e o sono fica pesado virando uma tortura (de verdade!) pra mim mesmo.




(NOTA: Eu sei que não dá pra entender tudo que eu digo, porque faz muito ruído e ainda tô falando espanhol, mas só me resta lementar, não vou passar horas colocando legendas em vídeo denovo.)

Fomos tão tarde assim pra saída de Buenos Aires por dois motivos: 1) o Fabián fez aquela festinha de despedida e acabei indo dormir às 2h da madrugada. 2) de qualquer maneira meu relógio biológico tá muito zoado, eu tô dormindo muito tarde e acordando muito tarde todos os dias.

Mas tranquilo, conseguimos sair da saída de Zarate sem muito problema. Mas o trem ficou feio quando chegamos a Gualeguaychu, porque nos deixaram na ENTRADA da cidade. Which means, uma merda. Ficamos ali pedindo carona por uma hora e meia, até que às 18:45 eu publiquei no meu facebook pedindo se alguém podia tentar conseguir um "emergency couch" (hospedagem de emergência) pra gente em Gualeguaychu, pq eu já estava totalmente sem esperanças.


Meu post no Facebook pedindo ajuda, e a incrível rapidez e gentileza da galera.

Assim que este post terminou de ser publicado, parou um casal de senhores pra gente. Trocaram sua rota e nos levaram até a saída de Gualeguaychu, só pra nos deixarem em um ponto melhor pra pegar carona e não precisarmos cruzar a cidade caminhando.

Descemos do carro imensamente agradecidos, mas ainda assim eu estava desiludido de que a gente ia sair dali ainda naquele dia. Pra fuder mais ainda, é período de carnaval na cidade. Tudo que era opção de hospedagem estaria caro, se é que haveria alguma vaga nessa altura do campeonato. O Leandro deixou bem claro desde antes de sairmos do Brasil de que não ia dormir na rua em lugar algum.

Eis que uma hora depois, às 19:48 com o sol cada vez mais próximo de desaparecer, pulou uma mensagem na tela do meu celular:

Tenés donde quedarte en Gualeguaychu? Soy Rafael de Gualeguaychu. (Couchsurfing)
E eu mal pude acreditar naquilo. Era incrível demais pra ser verdade. Uma hospedagem surgiu! E ainda assim, oferecida por SMS por alguém que mora bem na cidade onde estávamos encalhados!

Tentei não ficar feliz demais, até pq ele havia conjugado "quedarTE", o que não incluía o Leandro. Enviei meu whatsapp pra conversarmos melhor antes que meu crédito também acabasse.


Assim as coisas amenizaram, graças à super ajuda da tecnologia, à eficiência do Júlio (Belo Horizonte) e do Fabián (Buenos Aires), à família Couchsurfing, ao super Rafael da comunidade de Gualeguaychu, e à minha irmã Letícia que me ajudou quando eu estava sonhando em conseguir um smartphone que me permitisse essas coisas. hahahah

Até conhecemos uma amiga dele que estava lá quando chegamos.




Ainda nessa noite a gente viu uns vídeos no Youtube e umas notícias na TV local sobre o carnaval da cidade, que é famoso na região (e acho que no país todo também, na verdade). Saímos pra dar uma volta pela cidade também. No fim, já posso dizer que conheço um pouco de mais uma cidade argentina. :)


Clique aqui para ver todos os pontos onde pedimos carona.


Segundo dia de viagem, sábado

No dia seguinte, a gente tinha a opção de acordamos às 8h e sairmos com o Rafael quando ele fosse trabalhar, ou dormimos a manhã inteira e sairmos depois das 12h, quando ele voltaria do trabalho. O Leandro votou em sairmos até as 8h, mas como não fez muita questão, eu acabei preferindo que saíssemos depois das 12h, pra dormimos melhor e seguirmos viagem mais de boa.  Na verdade eu acho que não me dei conta que o dia seguinte era sábado, por isso fiz essa escolha. E também devido à pouca distância (uns 400km de distância,  o que na verdade eu consigo percorrer em dias úteis e saindo de manhã, só não levei isso em consideração também. devia ser o cansaço desse dia).

No fim das contas, chegamos na saída da cidade às 14h denovo. O primeiro carro que parou nos levou na caçamba. Com ele, cruzamos a ponte e chegamos no Uruguay. O problema é que a gente não tinha estudado o mapa antes, e o motorista também não conhecia as coisas por lá direito. Acabou nos levando PRO MEIO da cidade de Fray Bentos.

Aí saímos caminhando. Fomos pedir informação e um cara ofereceu de levarnos até a saída da cidade. Lá fomos nós. O problema é que quem passa nesse lugar onde nos deixou, era somente quem saída da cidade de Fray Bentos. Quem vinha da Argentina, cruzando a ponte como fizemos, pegava uma estrada que encontrava com a estrada onde estávamos uns 7km à frente. Ou seja, seriam umas 2 horas de caminhada, e já eram quatro horas da tarde.

Por sorte, um cara deu carona pra gente até Mercedes. Por alguns instantes eu até achei que ele estivesse indo na verdade pra Montevideo, e que nos traria direto. Mas não, ele ia só até Mercedes mesmo.

Aí que tudo começou a fuder denovo. Nunca fomos conseguir carona na saída dessa cidade.

Resolvemos pedir carona durante a noite na saída de um posto de gasolina, que fica na saída da cidade. Eu vi um caminhão parado lá, e fui pedir carona. O cara conversou comigo, mas não estava concordando muito em dar carona, até pq eu disse pra ele que estava com um amigo que estava lá na beira da estrada pedindo carona, e já estava escuro nessa hora. Isso é comum de acontecer, as pessoas não dizerem se vão dar carona ou não. Mas eu expuz pra ele nossa situação, só menti dizendo que estávamos indo pra Palmitas, que é uma cidade ao lado, na esperança de que ao subir no caminhão e dizer que de Palmitas iríamos pedir carona pra Montevideo, talvez ele levasse a gente - se essa fosse a rota dele, claro.

Como ele não dizia se daria ou não carona, eu resolvi dar espaço a ele e disse que ia ficar lá na beira da estrada pedindo carona com meu amigo, e que quando ele fosse passar que ele parasse pra gente, se quisesse dar carona. Eu estava me sentindo muito seguro de que no fim ele daria carona pra gente, acabei dizendo ao Leandro "Ele vai passar por nós devagar porque estará saindo do posto. Ele não vai passar direto por nós."

Só que não. Ele passou direto.

Isso acabou com toda minha esperança, me deixou de baixo astral, eu realmente fiquei me sentindo mal. Acho que eu deveria ter ficado lá do lado dele, na cola. Mas enfim...

Depois, enquanto Leandro ficava na beira da estrada pedindo carona com a placa dizendo "Montevideo", eu fiquei no posto conversando com as pessoas. Todos incrivelmente receptivos, definitivamente não era daquele tipo de gente que se sente incomodado e responde a gente com cara fechada (o que desestimula e tira o ânimo de qualquer caroneiro ou pessoa que necessite pedir qualquer tipo de ajuda).

Mas, basicamente NINGUÉM estava saindo da cidade, todos iam ali abastecer e voltavam pra cidade. Só um casal que ia pra outra cidade, que inclusive foram super simpáticos, mas pena que não era nosso caminho.

Pouco mais tarde, apareceu outro caroneiro no posto! Um cara super carismático que já chegou brincando com todos os frentistas e todo mundo que estava por lá (inclusive eu). Depois fomos lá na beira da estrada onde estava o Leandro e lhe perguntei se eu podia gravar um vídeo entrevistando ele sobre sua viagem. Aí saiu aquele vídeo que postei Entrevistando a Mauri Nochetti, un autostopista argentino que encontramos en la ruta viajando a dedo desde Buenos Aires a Montevideo.

Logo depois que o Mauri seguiu seu caminho desaparecendo caminhando pelo escuro da estrada, eu e Leandro resolvemos desistir. Não passava nenhum carro.

Tinhamos fome, e fomos ao posto tentar preparar-nos algo improvisado pra comer.





Ao final, eu continuava com fome. Mas nada insuportável. Preocupado com acordar no dia seguinte, resolvemos ir pra casa. hahahah Sim. Ir pra casa. Falo dessa "casa" (a construção) com três paredes e teto que apontei pro Mauri no vídeo.

É, não tínhamos opção, e o que o Leandro disse antes de saímos pra viajar sobre não querer dormir na rua, teve que ter uma exceção. As paredes cercavam os ventos, e o teto qualquer possível chuva durante a noite. Era um lugar afastado, difícil mente algum ser humano ia dar conta de que haviam pessoas ali. Então podiamos dormir um pouco mais tranquilos.

Quando o Leandro saiu da casa dele pra viajar, ele não imaginava que eu iria convencê-lo a vir pedindo carona até Buenos Aires. Com isso, ele não trouxe roupas de frio, estava totalmente despreparado pra isso. Tive que bancar o frio da bixa. hahushaushasuh Dei minha blusa mais grossa pra ele e vesti um monte de camisas. Dei minha meia calça de lan pra ele e me coloquei meião e calça comprida. (sim, eu sempre saiu preparado pra visitar os Andes, caso me dê na telha).

Deitamos no chão, e enquanto o Leandro assistia algum filme no seu tablet, eu já tratei de me apagar. Dormi linda. Até umas cinco da madrugada, quando acordei tremendo de frio. Tinha MUITO frio. Deitamos de conchinha pra ver se melhorava. Não resolvia muito. Logo me rendi e puxei um plástico todo sujo de cimento que estava ali perto da gente, e nos cobri. Também não resolveu muito. Mas por sorte em uma hora amanheceria. Fiquei aí tremendo abraçado com o Leandro esperando o tempo passar.




Clique aqui para ver o mapa ampliado



Terceiro dia de viagem, domingo, e a desistência


Nossa Magic House (a chamamos assim em alusão ao "Magic Bus",
do filme Into The Wild. hahah)

 Então era domingo, o sol saiu e fomos pra beira da estrada.




Lá pelas 8h da manhã já estávamos desistindo denovo. Aceitamos a ideia de que não conseguimos nem conseguiríamos chegar a Montevideo nesse dia. Quase ninguém passava e NINGUÉM parava. Estávamos fodidos demais. E eu ainda mais sem esperanças, porque eu sei muito bem da crueldade dos domingos para com os caroneiros de beira de estrada.

Graças a Deus (lê-se: o cartão de crédito do Leandro), compramos uma passagem de ônibus e demos fim a esse pesadelo.




Muitos ônibus do Uruguay, como o nosso, disponibilizam Wifi. Assim pude ir mantendo contato com o Federico, quem seria nosso anfitrião e ainda ofereceu buscar-nos na rodoviária.

Em menos de 2h 30min, estávamos descendo na rodoviária Três Cruces de Montevideo.

Federico (de camisa branca) e Diego, um amigo que nos apresentou e até fez um almoço pra gente. :)

Com o Federico na "praia" de Pocitos (beira do Rio La Plata. rsrs)

Clique aqui para ver o mapa do percurso loser percorrido em ônibus.



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