22/06/2013

Em meio às manifestações de São Paulo tentaram me assaltar (mais uma vez), porque claro, o Brasil é assim

Continuando e dando fim à minha breve fuga de assunto começada no post anterior, vim contar um pouco dos meus dias em São Paulo, minha participação nas manifestações contra o aumento das passagens e as tentativas de censura por parte da polícia, e de mais uma vez que tentaram me assaltar.

Estive por umas três vezes nessas manifestações que aconteceram em São Paulo (e em várias outras cidades espalhadas pelo país) durante esta semana. O sentimento é de que ESTAMOS de alguma forma causando uma revolução no Brasil, de fato. Eu particularmente não me aguentei em casa ao ver aquelas cenas da polícia tentando censurar os manifestantes com balas de borracha, bomba de efeito moral, spray de pimenta, etc. E contra a censura foi o principal motivo pelo qual saí de casa.

Vi de coisas de se arrepiar de orgulho a coisas de se morrer de desgosto. Tive que me manter longe dos confrontos com a polícia por dois motivos: a menos que a polícia atacasse as pessoas apenas por estarem se manifestando, eu era contra esses conflitos; e por eu haver esquecido meus óculos em Juiz de Fora, a fumaça das bombas seriam absorvidas pelas minhas lentes de contato e eu me fuderia.


Multidão de pessoas vindo ou fugindo da estação de metrô onde a manifestação desse dia iniciaria..


Das coisas que vi em meio a essas 100 mil (ou mais) pessoas... Vi pequenos grupos pichando bancos, ônibus, etc.; vi pequenos grupos chegando em seguida às pichações com produtos de limpeza e limpando toda a pichação; vi grupos gritando "sem vandalismo!"; vi grupos gritando "sem moralismo!" em favor ao vandalismo; vi a polícia chegando de forma imponente em lugar onde o manifesto era pacífico; vi a polícia se retirando pacificamente aos berros dos manifestantes; vi pequenos grupos atirando coisas na polícia enquanto a polícia se retirava pacificamente; ouvi gente falando de tentativas de assalto; fui vítima de uma tentativa de assalto; vi quebrarem lojas; e muito mais do quê isso que muita gente viu pela TV.

Cheguei a fazer um vídeo na avenida Paulista por volta das 23 horas de terça-feira.





Pouco depois desse episódio, resolvi descer a Rua Augusta com meus amigos já pra irmos caminhando de volta pra casa. Eram quase 24h, e na Augusta estava rolando confronto pesado com o batalhão de choque. Inclusive eu falava por SMS com uma amiga desesperada porque havia ficado presa dentro de um bar onde estava tomando cerveja quando começaram os conflitos.

Desci a Augusta gravando pessoas botando fogo em montes de lixos pelas ruas. Haviam quebrado várias lojas. Meus amigos foram andando um pouco mais à frente, quando um cara com a máscara do "V de vingança" (haviam muitos com essa máscara) tentou pegar o celular da minha mão e sair correndo. Na verdade eu tive sorte porque o celular caiu no chão e o cara saiu correndo sem insistir em pegá-lo. Mas, eu tenho algo excêntrico em mim (quem me conhece já sabe muito bem desse ponto) que eu fico com tanto ódio quando alguém tenta roubar os outros, que sem pensar eu me meto no meio. Aí imagina quando tentam roubar a mim. Não havia polícia por perto, era a noite, o cara tava de máscara... porque diabos eu ia inventar de correr atrás dele? Mas foi bem o que fiz.

Vai saber o que cargas d'água eu pensei naquela hora, mas corri atrás dele e quando ele percebeu e começou a correr mais, eu saí gritando "LADRÃAAAO! LADRÃAAAO!" até que o agarrei pela blusa, algumas pessoas foram chegando e ele começou a falar "Ele está me roubando!". Ufff, só me faltava essa: de novo um ladrão gritando que EU o estava roubando. Aí eu parei pra pensar. Devo ter corrido atrás do cara com esperança de ele ser pego e lixado por aqueles que já estavam revoltados em meio ao confronto. Aí agora eu era quem poderia acabar lixado.

No fim das contas, ninguém lixou ninguém. O cara tinha uns comparsas que chegaram me prendendo no canto e gritando "Você está falando que EU estou te roubando?" pra confundir ainda mais as pessoas que pudessem vir me ajudar. Me bateram com algo na cabeça. Eu comecei a gritar "Não, tô falando que VOCÊ está JUNTO com ele, e se é que você não tem nada a ver com ele, VAZA daqui! Não encosta em mim!"



Enfermeiro voluntário me prestando socorro de imediato.


Fiz a loka. No fim acabaram se dispersando, e meus amigos que caminhavam mais à frente viram que eu estava envolvido naquela confusão. Notei que sentia algo na minha cabeça, quando passei a mão era sangue. Aí surgiram daquelas pessoas que me deixaram cheio de orgulho quando as vi na manifestação: enfermeiros estavam ali por perto voluntariamente pra socorrer as pessoas que precisassem. E me socorreram.

Foram dois cortes não muito profundos que nem precisei de pontos. Nos outros dois dias de manifestação resolvi ficar em casa, com medo de que algo esbarrasse na minha cabeça e piorasse a situação. Imaginei que naquela terça-feira muito marginal provavelmente havia passado a tarde em casa consumindo drogas e a noite saíram loucos pela São Paulo sem lei (sem polícia) pra quebrar e roubar pessoas e lugares.

Hoje (sexta-feira) eu voltarei às ruas pela manifestação contra o projeto da "cura gay".

"Vamos nos tornar caroneiros", hahah Tive que tentar lembrar as pessoas das outras opções, né?

Amigos de Juiz de Fora que vieram de carona unica e exclusivamente pra apoiarem e se manifestarem em SP!
Amigos que fiz, a quem me juntei no meu primeiro dia de manifestos.



O loiro é o João, do Paraná, que já viajou algumas vezes de carona tbm, e atualmente tá fazendo um mochilão pelo país.

Ramon, um amigo queridíssimo desde as épocas que eu frequentava Ouro Preto (MG).

Dois caras que foram à manifestação (essa manifestação ainda não era a específica contra a "cura gay"). Disseram muito sem carregar nenhum cartaz.


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